quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O último diálogo II

Precisamos conversar. Há certa urgência e uma espera de 2 anos pra concretizarmos essa prosa. Não se preocupe porque pensei em tudo. Nos encontraremos ao acaso, desse modo ninguém começa em desvantagem e poupamos qualquer hostilidade inicial, pode ser num café, num parque, num aeroporto...é o que menos importa, mas devemos ter tempo. Não se aguarda 2 anos por uma conversa de 5 minutos. Você perguntará como eu estou, o que ando fazendo, como vai minha família, responderei e farei as mesmas perguntas, assim nos atualizamos um sobre a vida do outro e cumprimos o protocolo social. Por um breve momento conversaremos sobre coisas banais até que um de nós trará o passado à roda. Sutil ou rancorosamente, é certo que um de nós o trará. A partir daí você sabe que é cada um por si, vestiremos a armadura e empunharemos nossas armas. Diferentes, mas ambas marcadas e remodeladas pelo passado.
Cada golpe ressuscitará lembranças adormecidas e aquilo que custamos a sufocar se erguerá com força a cada ataque. Mas vai chegar o momento em que cansados do duro combate nos despiremos de qualquer arma e armadura e um finalmente verá o outro. Diremos aquilo que ficou reticente durante tanto tempo. Alguém olhará no relógio e já vai estar tarde e temos tanto a fazer. Nos despediremos sem muita cerimônia, mas com certo carinho. Não haverão promessas de futuros encontros ou ligações. Está feito. O ponto final foi colocado e uma página limpa (sem marcas nocivas da anterior) se abrirá para os nossos caminhos. Estamos em paz.